Foi uma das primeiras pessoas das quais ela teme e trata com desdém que a mesma viu. Era bonito, era barbado e gordinho. tinha um olhar pequeno, mas completamente invasivo; tinha um olhar que anunciava a entrada e a partida. Se mantinha do outro lado da rua com pessoas conheçinhas de pouca importancia afetuosa, apresentava sempre sua vinda. Ela no seu traje de uma elegância indescultível se mostrava atenta ao que não fosse a presença fria daquele homem. ela mostrava importancia com um copo de cerveja, duas amigas e uma bolsa preta. Como de costume ele desce as escadas e vem em sua direção, como de costume ela se finje de louca, de bêbada. ela adota uma chamada urgente no telefone, ela inicia uma maquiagem borrada, ela faz e acontece para não precisar dos beijos e abraços formais daquele indivíduo inconstante.
Mas de fato ele faz o que ela tanto espera. o abraço, dois beijos nas maçãs do rosto e um tudo bem com tom de superficialidade.
Pra ela é dia de festa, e dias de festa não contém ele e sua contradição diária; pra ela é melhor entrar na festa, tomar todas e dançar a noite. Ela não tem dúvidas, ela entra e faz dá sua noite desconexa uma coisa eufórica com danças e coreografias pseudo-ensaiadas, com passos duplos, sorrisos largos, suor, cabelos ao vendo e principalmente alegria. ela faz seu show ter platéia, ela faz com que as pessoas parem para ver a cena de sua vida, para ver como se é feliz sem uma insegurança acentuada. Com isso ela consegue fazer com que ele pare, sente, veja, beba, faça caras de interrogação e se mostre sempre chato e fechado. Ele se torna a plateia da vida dela e talvez apenas pra intimida-lá, talvez só pra isso. Mas a luz se apaga, a festa não para e pessoas se afastam. Júpiter e saturno se reconheçem!
Júpiter puxa Saturno pela mão e lhe trás uma vida cheia de alegria, a discotecagem faz uma linha anos 80, "Levando a vida adoidado!". Ele pega ela pelas costas nua e mistura suor, saliva e cerveja. eles se beijam, se abraçam. Saturno cruza o céu que Júpiter habita, Júpiter reconhece Saturno e sua leveza diante do romance.
O céu chove de emoção e eles aproveitam para ficar grudados embaixo do guarda-chuva, como num filme frances qualquer, com diálogo alemão e histórias em espanhol. com encontros e desencontros, beijos molhados na nuca.
Adeus guarda chuva azul-claro-avó, agora eles se aquecem na chuva branca, na chuva morna. eles se aquecem na chuva que se transformou para receber aquele momento único, aquele momento de silêncio e aquele momento tinha tudo haver com os planetas.
-tenho frio
-tenho esse momento, não preciso de frio!
-então me abraça forte, eu quero te ter.
-vamos ficar calados, quientinhos. vamos aproveitar o momento.
-me beija!
-te beijo!
(Silêncio profundo, olhares penetrantes.)
-isso tudo tá bonito
-tá sim, lindo!
-dorme comigo
- não!
-dormi comigo! não precisamos transar, mas eu queria ficar agarrado contigo e passar o dia de amanhã ao teu lado.
-não, eu tenho minha vida; eu tenho o mundo afora pra correr, vencer batalhas que ninguém vê!
-por favor, dorme comigo!
-eu não vou, já disse!
-então me contra amanhã, eu te ligo. me encontra amanhã por favor!
-te encontro, mas acho que tu não vai me ligar
acho que tudo vai se esqueçer por aqui.
-eu vou te ligar, eu preciso te ver amanhã.
-eu acredito.
Voltaram pra festa, tinham um ar de namorados, amantes antigos sinceros. no coração dela batia exatamente 2 tiros, no coração dela existia o delima da expectativa do dia seguinte e o final do dia de "agora". ele aparentava felicidade frequênte, ele aparentava samba e amor.
Despediram-se com beijos molhados longos na escada seca com a chuva dos planetas e ele foi embora com cara de partida. Ela deu as costas e terminou indo embora depois de exatamente 10 minutos. O dia raiou, a festa acabou e nada mais é igual sem ele!