domingo, 19 de abril de 2009

Não entendo! nããão, entendo!
tô aqui calada, quietinha, segurando o choro da semana passada.
um choro completamente provável, mas um choro necessário.
não entendo essa fuga precisa, essa insistência em ir embora.
abandono não, jamais! até porque você nunca me cativou.
mas você me teve pelo menos na ponta do dedão e fez o que quis,
me encontrou e me prostituio.
sei que eu não corri atrás, não me decidi, não declarei o
que jamais pensei em sentir, não declarei o que tu jamais cativastes.



As bocas são beijos, porém também são palavras;
então, palavras por favor. bocas que falem, que digam,
que forme frases, que existam coerências, que se transformem
em textos, em cartas, em crônicas, conversas, livros, memórias.
mas que digam, que mostre clareza a um ser humano.
(Me desencontre, não me prostitua!)

domingo, 12 de abril de 2009

a morte é certa
a carne é fraca
a vida é curta
o sofrimento inevitável

a carne é certa
a pele é fraca
a roupa é curta
o coração indomável

a pele é pele
a roupa é roupa
o sangue é sangue
e a ânsia insaciável

o corpo humano
é desumano
o corpo amado
é desalmado
tudo
é pecado

a vida é breve
a febre é alta
a alma é uma
e o demônio tão amável

o mundo é grande
a mente é suja
o sangue é quente
e o desejo indisfarçável

o amor é cego
o amor é surdo
o amor é mudo
e a moral abominável

o corpo humano
é desumano
o corpo amado
é desalmado
tudo
é pecado


(semana santa)

terça-feira, 7 de abril de 2009

29/12/2008

Deixa isso pra lá que amanhã é 2009, amanhã a gente se vê e tudo volta ao normal, mesmo sabendo que a coisa mais anormal é te ver.
Deixa pra lá que amanhã eu acordo outra pessoa, com outra cara, outro corpo, outra cor, e quem sabe você pode me querer denovo.
Deixa toda essa besteira de lado, deixa essa cara de futuro pra o passado, deixa essa ânsia de viver pra fora (de dentro pra fora, de fora pra dentro), enfim, deixa tudo e vira o mundo.
Deixa 2009 pra lá, volta tudo, vota em tudo, que strokes voltou pra tocar mais is this it e isso tem haver com a nossa festa particular.
Deixa que falem, que digam, repitam, critiquem que a gente não dá certo, que tudo é passado e eu tô do lado contrário.
Mas fica, mesmo sabendo que meus livros, dicos, roupas ou cabelos não vão te fazer ficar.
Fica pelo teu amor doismileseis, nem que seja por pena, mesmo sendo por vaidade, fica de verdade. fica por causa da primeira vez, fica pela última. pelo último suspiro de amor e dor, pelo último gozo, o último grito, o beijo último, o teu desejo.
Diz que fica por qualquer lembrança, pois contigo eu fico por qualquer sim e até por qualquer não, fico com tua samba-canção listrada, fico com teu cheiro maracujá, essa tua orelha marcada e qualquer palavra não tão estudada.



definitivamente, meus discos não vão te fazer ficar!

domingo, 5 de abril de 2009

-Minha vida é monótona. Eu caço galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens também. E isso me incomoda um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra. Os teus me chamarão para fora da toca, como se fosse música. (...)


-Por favor... cativa-me!- disse ela.
-Eu até gostaria-disse o príncipizinho-, mas não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conheçer.
-A gente só conheçe bem as coisas que cativou- disse a rapousa.
(...)
-Se tu queres um amigo, cativa-me!
-Que é preciso fazer?- perguntou o pequeno príncipe.
-É preciso ser paciente- respondeu a rapousa.- Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim , na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás um pouco mais perto...
No dia seguinte o príncipe voltou.
-Teria sido melhor se tu voltasse á mesma hora- disse a rapousa. -Se tu vens, por exemplo, ás quatro da tarde, desde ás três começarei a ser feliz! Quanto mais a hora for chegando mais eu começarei a ser feliz. Ás quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade!


(O Pequeno Príncipe)