quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Primeiro de outubro

Abro a porta com a maior sensação de liberdade e entro com um olhar ansioso, medroso. que talvez ninguém tenha notado por eu usar um óculos que me serve muito, pricipalmente quando
o assunto é esconder sentimentos.
Subo as longas escadas e por fim chego no lugar previsto. Bato na porta, ninguém me atende. grito aos prantos, fingem não conheçer minha voz.
Um tanto já impaciente, resolvo recolher meu "eu" em outro lugar, ou melhor, em outra casa bem familiar e utópica. já descrente de qualquer encontro, me deparo com uma pessoa paternalmente conheçida. um rosto desgastado, um olhar de loucura e cheio de desespero na carne. Essa criatura que eu tanto procurava se apresentava como meu pai.
Confesso que aquilo não tinha cara de pai e nem tão pouco atitude. me tratava com um desdém incompreensível e se mostrava mais um Jofilsan de mão cheia.
Tenho medo dos Jofilsan's, eles tem um olhar invasivo e desconfiado, sem falar na falta de credibilidade e no desrespeito alheio. Ah, não vamos esquecer das piadinhas que já deviam ser intituladas como de uso exclusivo da jofilsanlidade. odeio!
Mas voltando ao Jofilsan pai... ele conseguio falar comigo mesmo sem olhar aos meus olhos e soltou uma de suas piadinhas com um sutil tempero de intimidade, "Já comeu, menina?".
Começei a achar que tava tudo bem, mas ao mesmo tempo ouvi uma zuada de chilenos cruzar o chão a vir ao meu encontro, automaticamente pensei que era a sua namorada, e era!
Aquela mulher tão magra e com um jeito exageradamente simples até hoje me dá medo. sempre tive medo das corujas!
Resolvi ir embora, esquecer daquele encontro, daquela casa e da tentativa frustrada de ter um pai pelo menos na quarta-feira a tarde. achava que ir embora dali seria uma tarefa bem fácil, afinal ninguém sabe demonstrar interesse; mas foi bem mais pesada do que o previsto.
Avisei que iria embora e nada de interesse alheio, assim desci as escadas e andei, até ouvir uma voz de longe dizer: "vamos a Simone Barros?", "Quer algum dinheiro". a-b-s-u-r-d-o!
é revoltante, mas eu sou paga pra ser filha!



peguei o rio doce CDU e me encontro por aqui.

2 comentários:

Elis. disse...

o salário mensal que pagam ao proletário não cobre todas as humilhações que esse precisa aguentar durante o resto do mês.

marx X família.
;*

Elton disse...

O "estranhamento" ajuda bastante nesses casos...
E viva as aulas de filosofia