-Minha vida é monótona. Eu caço galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens também. E isso me incomoda um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra. Os teus me chamarão para fora da toca, como se fosse música. (...)
-Por favor... cativa-me!- disse ela.
-Eu até gostaria-disse o príncipizinho-, mas não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conheçer.
-A gente só conheçe bem as coisas que cativou- disse a rapousa.
(...)
-Se tu queres um amigo, cativa-me!
-Que é preciso fazer?- perguntou o pequeno príncipe.
-É preciso ser paciente- respondeu a rapousa.- Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim , na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás um pouco mais perto...
No dia seguinte o príncipe voltou.
-Teria sido melhor se tu voltasse á mesma hora- disse a rapousa. -Se tu vens, por exemplo, ás quatro da tarde, desde ás três começarei a ser feliz! Quanto mais a hora for chegando mais eu começarei a ser feliz. Ás quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade!
(O Pequeno Príncipe)
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